2022.01.07

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Depois da bonança, a tempestade

 

É costume dizer-se que “depois da tempestade vem a bonança”, mas em Odivelas

esta realidade parece inverter-se. Foram precisos apenas três meses, após o

momento eleitoral, para se perceber que os bons ventos apregoados pelo

socialismo não são exatamente o que querem fazer crer. Durante a discussão do

Orçamento apresentado pela Câmara Municipal de Odivelas para 2022, foram dadas

a conhecer várias contrariedades, com destaque para as relacionadas com o Metro,

o Hospital Beatriz Ângelo e o pacote fiscal municipal para o próximo ano.

 

Começando pela “expansão da rede do Metro de Odivelas”, assim designada nos

painéis publicitários municipais, mas que na verdade não é mais do que um Comboio

Ligeiro de Superfície. Ficámos a saber por Hugo Martins que, afinal, a obra corre o

risco de não chegar a concretizar-se devido à necessidade do Município ter de

assumir um conjunto de compromissos financeiros, para além dos 250 milhões de

euros previstos no Plano de Recuperação e Resiliência, que não estariam

inicialmente previstos nem acautelados. Portanto, depois de gastos 300 mil euros

em estudos e planos, depois de se publicitar uma expansão da rede de metro que

também podia ser designada como “elétrico de Odivelas”, parece que a execução

desta obra poderá estar em causa pela necessidade da Câmara ter de investir cerca

de 50 milhões de euros em responsabilidades adicionais, facto que, de acordo com

as palavras do Presidente da Câmara, era desconhecido até à presente data. Pelo

andar da carruagem, parece que se pode adivinhar chuva!

 

Outra das decisões conhecida foi a criação da Hospital de Loures, Entidade Pública

Empresarial (Decreto Lei 100/2021, de 17 de Novembro), seguida da nomeação, em

9 de Dezembro, de Maria do Rosário Côrrea Sepúlveda (Presidente) e Rui Viegas

Moreira (Vogal) para a administração desta nova entidade que passará a gerir o

Hospital Beatriz Ângelo. Independentemente da opção ideológica assumida nesta

matéria, é fácil perceber que a transição da gestão de um hospital não é coisa que

se faça de um dia para o outro. E foram diversos os avisos que, em tempo, alertaram

para o fim do contrato de gestão com o Grupo Luz Saúde previsto para o próximo

dia 18 de Janeiro e para a necessidade de decisões que acautelassem a transição

desta gestão de forma capacitada e organizada. Considerando que a apenas pouco

mais de um mês é que o Governo deu os passos tendentes a concretizar esta

decisão, sem que se conheça qualquer ação anterior de quem tem o dever de

defender o interesse dos odivelenses, também aqui não se auguram bons ventos!

 

Para terminar, o pacote fiscal municipal para Odivelas e a sempre anunciada

“redução”. Essencialmente, existem três instrumentos fiscais que o Executivo

Municipal pode utilizar para balizar os seus orçamentos: o IMI, a participação variável

até 5% na taxa de IRS e a derrama municipal (percentagem de imposto que incide

sobre o lucro das empresas). Olhando para a evolução da receita executada com

estas rubricas, percebemos que passámos de 27,75 milhões de euros cobrados em

2017 para 31,16 milhões de euros, em 2020, o que representa um aumento superior

a 10% no valor cobrado durante estes quatro anos. Mais, a perspetiva orçamental

para 2021 e 2022, torna claro que esta tendência veio para ficar, pois estes números

traduzem uma das mais altas taxas de IMI (0,36%) aplicadas aos prédios urbanos no

distrito de Lisboa, nomeadamente nos concelhos mais urbanos, e percentagens

máximas a título de participação variável de IRS e derrama municipal. Não se

auguram bons ventos!…

 

Apenas três meses depois das eleições autárquicas, não parece difícil adivinhar que

a bonança anunciada pelo Partido Socialista e pelo anterior Executivo Municipal

rapidamente se transformará numa tempestade para os odivelenses!

 

David Pinheiro

 

Coordenador do Núcleo da Iniciativa Liberal de Odivelas

 

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