Filipe de Sousa Martins
2022.04.09
Objetivo 2030: Odivelas, uma Cidade Verde
Odivelas em poucas dezenas de anos passou de um pequeno aglomerado urbano com características rurais, na proximidade de Lisboa, para um espaço urbano com uma das maiores densidades populacionais do país. O crescimento habitacional sem rigor, fruto da ausência ou de um mau planeamento, deu origem a um concelho desordenado, sem infraestruturas de suporte, que condiciona a qualidade de vida e coloca-o muito baixo dos padrões atualmente exigidos.
O concelho de Odivelas tornou-se uma grande urbe de espaço contiguo, onde residem aproximadamente 150 mil habitantes, dispersos por apenas 27 Km², representando 6.118,6 habitantes por Km², o segundo concelho mais densamente povoado do país, apenas atrás da Amadora.
Como resultado do crescimento sem regras, a degradação ambiental causada pela atividade urbana gerou uma necessidade de repensarmos hábitos e formas com as quais lidamos com o uso do espaço.
À semelhança de outras cidades em todo o mundo, Odivelas cresceu de maneira desordenada causando cheias, como as ocorridas em 1967, devido à ocupação de linhas de água e à construção em leito de cheia, desmatamento para novas urbanizações e impermeabilização do solo. A ocupação desenfreada gerou poluição, desigualdades sociais, desemprego, problemas de mobilidade, insegurança, marginalidade, entre outros problemas sociais, ambientais e económicos, à vista de todos
Ao observarmos este quadro e ao olharmos à nossa volta, percebemos a necessidade urgente da implementação de políticas públicas para tornar a cidade social e ambientalmente mais sustentável e reparar a deterioração das condições de vida.
Mas, como dizia o reconhecido arquiteto brasileiro Óscar Niemeyer, “não basta fazer uma cidade moderna. É preciso mudar a sociedade”. E sendo Odivelas, como todas as cidades, um produto dos seus habitantes e dos seus governantes, todos os agentes devem trabalhar juntos na mudança necessária, para que a cidade possa tornar-se sustentável.
Qualquer estratégia para o concelho deve ser focada neste todo, atendo às suas particularidades e identidades próprias, que se complementam e engrandecem. Independentemente da sua organização territorial, a área do concelho deve ser interpretada com uma cidade única.
E a mudança começa no comportamento de cada munícipe. Ao escolher melhor os políticos para gerir o concelho, ao diminuir o consumo excessivo de recursos, ao repensar sua forma de transporte, nos resíduos produzidos, ao evitar o desperdício de água, ao assumir um modo de vida saudável, ao demostrar uma participação mais cívica em prol da sua comunidade, impedindo o excesso de construção e exigindo espaços públicos ambientalmente sustentáveis, dos quais possa usufruir. Todas essas atitudes contribuem para que Odivelas seja cada vez mais verde, sem comprometer o futuro das próximas gerações.
E é urgente termos a ambição de que Odivelas venha a ser uma cidade verde e que isso se concretize até 2030. É possível!
As cidades verdes são espaços urbanos resilientes, autossuficientes e sustentáveis, projetadas com respeito ao meio ambiente, economicamente viáveis e socialmente justas. São cidades inteligentes, que investem na melhoria da qualidade de vida da população e procuram a eficiência dos serviços de uma maneira sustentável.
São locais onde apetece viver e trabalhar, indo ao encontro das necessidades dos seus habitantes, que se integram bem com o meio ambiente e que, com planeamento, contribuem para uma elevada qualidade de vida, com segurança, inclusão, igualdade e liberdade para todos.
Odivelas, em 2030, tem que ser um território de desenvolvimento inteligente e sustentável, com:
- um adequado uso do solo
- um eficiente sistema de transporte
- utilização de energias renováveis
- uma adequada gestão da utilização de água
- uma política de gestão de resíduos assente na economia circular
em que o sistema de educação e as políticas públicas estão integradas para garantirem melhores condições de vida para os habitantes da cidade e para as gerações futuras.
Neste caminho para uma cidade verde, todos os projetos urbanísticos devem ser repensados! O edificado existente deve ser regenerado, devem ser privilegiadas as escolhas de transporte não poluentes e que melhorem o trânsito e garantidos os acessos para uso de bicicleta e circulação pedonal, empregando conceitos como o active design e walkability.
Uma Odivelas, cidade verde em 2030, deve incluir, literalmente, novos espaços verdes, com vegetação urbana, com jardins, matas, reabilitação de percursos dos rios e ribeiras, preservação da água e energia verde, para melhoria da saúde pública e resiliência face às alterações climáticas.
No imediato, o Município de Odivelas deve aderir ao Acordo Cidade Verde, promovido pela União Europeia, seguindo o exemplo de alguns concelhos vizinhos, adquirindo assim uma visibilidade europeia, como forma de reconhecer as ações e conquistas ambientais alcançadas, aumentando a transparência, a responsabilidade e credibilidade perante a população, permitindo o acesso a informação sobre oportunidades de financiamento da UE e à participação em eventos de networking, dispondo de oportunidades de capacitação e recebendo orientação e apoio personalizados através de uma assistência dedicada, levando a que Odivelas se torne um ponto de referência quando comparada ao progresso de outras cidades.