30.09.2022_Odivelas, um ano depois das falsas promessas feitas, por Filipe Martins

 

Filipe de Sousa Martins

Iniciativa Liberal

de Odivelas

 

30.09.2022

Odivelas, um ano depois das falsas promessas feitas

Faz esta semana um ano que decorreram as eleições para os órgãos autárquicos. Foi um ato eleitoral marcado pelo desinteresse da população, demonstrando uma vez mais que não acredita no sistema político e não querem assim ficar com o ónus da decisão, como revelam os números preocupantes da abstenção.

Foram umas eleições autárquicas onde mais uma vez uma minoria da população de Odivelas escolheu o Partido Socialista para (des)governar o concelho em maioria.

Vivemos numa democracia e as decisões das populações devem ser sempre respeitadas, independentemente do resultado das escolhas. Esse é o verdadeiro valor da democracia, o de podermos escolher livremente quem nos representa ou governa. Como disse um dia Winston Churchill: “a democracia é o pior dos sistemas, à exceção de todos os outros”.

Durantes os meses que antecederam o dia das eleições, aos eleitores foram apresentados os programas de cada um dos partidos, declamados discursos retóricos, eufóricos, sarcásticos ou poéticos, lançados impropérios aos adversários, debitadas promessas de mais creches, escolas, lares, jardins, policiamento, transportes, ciclovias, pavilhões desportivos, habitação social, asfaltamento de ruas, mais apoio ao investimento de empresas, redução de impostos, o céu e a terra, o possível e o impossível.

Nunca é dito como e com que dinheiro, mas isso pouco importa para a ocasião. Dão-se muitos beijos e abraços, trocam-se dois dedos de prosa em arruadas para fingir muita proximidade com eleitores, oferecem-se jantares faustosos e baila-se ao som do Quim Barreiros, que ecoa ruidosamente nos altifalantes. Sem preocupações com a sustentabilidade ambiental, colocam-se centenas de outdoors com frases feitas e fotos dos candidatos com os seus melhores sorrisos e retocadas com habilidade, distribui-se milhares de folhetos que inundam as caixas de correio, os para-brisas dos automóveis ou partilhados nas ruas, sempre acompanhados com mais um “bacalhau” e de bonés, canetas, crachás, pulseiras, sacos e outras bugigangas.

E no dia seguinte estão os caixotes do lixo cheios com os restos da azáfama politiqueira. Mais uma chatice para os SIMAR que já nem sabem com se devem livrar do habitual e ainda levam com mais este acréscimo.

É um corrupio de ações de campanha e de de caravanas automóveis, Todos os candidatos e os seus séquitos, de bandeiras ao ombro e de t-shirt como uniforme, ficam disponíveis para visitar as associações de cultura e recreio, os grupos de jovens, os clubes desportivos, as feiras e os mercados e todos parecem interessar-se pelos seus problemas, que são recebidos com muito espanto, como se da maior das novidades se tratassem. Às empresas agradecem o facto de estoicamente continuarem a investir num concelho que nada lhes tem oferecido. Aos idosos é dito serão a sua preferência, a educação será o primado para os pais, aos sem teto a habitação será a prioridade e aos das filas de trânsito a primazia será o metro. Assim se definem estrategicamente as prioridades e todos ficam contentes porque serão o centro de todas as atenções futuras. Bastará colocar a cruzinha no quadradinho certo.

Para muitos partidos, tudo o que foi referido foi suportado com orçamentos grandiosos. Para outros, as suas ações foram concretizadas com orçamentos reduzidos, amealhados entre os seus militantes e simpatizantes.

Desde que garantam uma votação mínima, todo este aparato é depois pago com o dinheiro das subvenções pagas pelo Estado, que é como quem diz, com o dinheiro dos contribuintes. Talvez seja melhor assim do que ser pago por um qualquer construtor, com a promessa da melhor atenção para as suas urbanizações.

Foi boa a festa, mas, na ressaca dos dias seguintes, os eleitos para governar, depois de uma viagem no seu carro com motorista, depois de entrarem nos gabinetes decorados a preceito e reclinarem-se nas suas cadeiras, apagam da memória tudo o que viram e ouviram nos meses anteriores. As ideias tornam-se vãs!

Mas aos eleitos cabe a responsabilidade de assegurar que as expectativas do seu votante são respeitadas.

Mas a população parece já ter interiorizado de que as promessas jamais são ditas para serem cumpridas e, assim, os impostos municipais continuam por baixar, os lares de idosos por construir, as creches e as escolas contam com uns bonecos bonitos em 3D, as condutas de água nas ruas a rebentar, o lixo continua por resolver, mas a fatura continua sempre a aumentar.

O Metro afinal não era bem assim, pois uma alínea escondida, em letra bem pequenina, vem condicionar a sua construção. O investimento empresarial apregoado não surge porque o mundo está em rebuliço. A habitação social não sai do papel porque a crise veio aumentar os preços dos materiais. As AUGI não se legalizam porque há sempre “alguém” que inviabiliza a decisão. Para cuidar do lixo e das perdas de água cria-se mais uma comissão para estudar o assunto. Os utentes continuam sem médico de família.

Segundo um governante local, a falta de médicos de família é um problema crónico nacional, pois os da saúde privada são uns ladrões e roubam os médicos ao SNS. Mas para outros, o problema está nuns países matreiros que, do nada, oferecem o triplo do salário para profissionais de saúde trabalharem para eles. É por essa e por outras que os partidos da gerigonça, dos dirigentes nacionais às estruturas locais, aceitaram a decisão da ministra socialista de tirar o Hospital Beatriz Ângelo ao parceiro privado. Assim também já não se presta aí um bom serviço, ficando o sistema de saúde todo igual, não havendo melhores, nem piores. Serão assim todos piores, ficando o utente sem motivos de comparação.

E assim continua o mundo em Odivelas. O executivo socialista governa em maioria, a seu bel-prazer e sem uma forte oposição. E na mesa do café, o cidadão que ficou em casa no dia da eleição aponta o dedo ao seu vizinho por ser ele o culpado de votar nesta vergonhosa governação.