06.10.2025

Recentemente foi divulgado o Ranking de Competitividade Municipal 2025, do Instituto +Liberdade, que avalia 186 municípios com mais de 10 mil habitantes em Portugal, segundo várias categorias como rendimentos, serviços, infraestruturas, habitação, governação local, entre outras. Os resultados são claros: Lisboa lidera, seguida de Oeiras, Porto, Coimbra, Aveiro… cresce uma tendência que mostra como os municípios costeiros, densamente povoados e ricos em infraestruturas e oferta de serviços, dominam nos primeiros lugares. E onde está Odivelas neste panorama? Embora não seja dos municípios mais problemáticos em todas as categorias — em “Competitividade Envolvente”, por exemplo, beneficiamos de estarmos contíguos a Lisboa, Odivelas está apenas em 68º lugar, atrás de municípios como Covilhã, Santo Tirso ou Portalegre, por exemplo. Odivelas tem condições naturais, demográficas e de localização para se afirmar de forma muito mais competitiva — estivéssemos nós, de facto, a planear bem, a investir corretamente e com visão estratégica a longo prazo. Em 2º lugar do ranking está Oeiras, um município contíguo a Lisboa, tal como Odivelas. No entanto, estamos muito aquém deste município. Porquê? Em Odivelas, continuamos com ligações deficitárias de transportes públicos em freguesias, congestionamentos crónicos, e falta de transportes públicos de qualidade uniforme por todo o território. A par disso, investimento em mobilidade suave e em segurança no trânsito tem sido lento ou reativo em vez de proativo. No que diz respeito à habitação, há um desequilíbrio enorme no preço das rendas, oferta de habitação acessível e regulação de urbanização. A pressão para construção intensiva, por vezes desorganizada, sem assegurar espaços verdes suficientes, infraestruturas adequadas ou qualidade de vida, agrava o problema. Em contrapartida, municípios como Oeiras têm conseguido conjugar expansão com qualidade, planeamento integrado e melhores condições para quem vive lá. Ainda, galgar qualidade nos serviços públicos locais é vital! A população de Odivelas muitas vezes reporta lacunas: escolas com recursos limitados, equipamentos culturais pouco atrativos ou pouco apoiados, falta de oferta de lazer de proximidade. O histórico de investimento municipal nestas áreas tem sido inconsistente, sujeito a ciclos políticos ou orçamentos apertados, em vez de haver uma visão integrada e sustentável. Estarmos junto a Lisboa é uma vantagem enorme. Facilita atração de investimento, de população, acessos a empregos, mercados e cultura. Essa vantagem, porém, tem sido pouco aproveitada: falta de políticas que fomentem coesão com Lisboa, articulações regionais, mesmo cooperação entre municípios para partilha de serviços, infraestruturas, transporte. Se tivéssemos uma estratégia para capitalizar essa proximidade — exemplo: centros de negócios bem desenhados, incentivos a empresas tecnológicas, atração de start-ups, valorização de zonas residenciais bem servidas de transportes — poderíamos estar muito mais perto de Oeiras no ranking. Em suma, as políticas de desenvolvimento municipal parecem até agora reagir a necessidades imediatas — tentar resolver problemas visíveis — e menos orientadas para o longo prazo: para onde queremos que Odivelas vá daqui a 10-20 anos? O Ranking de Competitividade Municipal 2025 deixa claro que Odivelas está longe de realizar o seu potencial. Tínhamos tudo para, daqui a poucos anos, sermos referências como Oeiras: localização privilegiada, população crescente, capacidade de investimento, proximidade de centros de decisão e de infraestruturas nacionais. Mas para isso acontecer, é preciso mais do que querer — é preciso agir com estratégia, coerência e visão. A câmara municipal e os responsáveis locais têm de assumir políticas sustentadas, com metas claras, transparência e investimento inteligente. Caso contrário, continuaremos numa posição mediana, perdendo oportunidades que poderiam fazer de Odivelas um dos municípios mais competitivos da Área Metropolitana de Lisboa.