David Pinheiro

IL Odivelas

11.10.2023

 

 

As voltas da linha circular

As voltas da Linha Circular

Ninguém quer a linha circular no Metropolitano de Lisboa. Ninguém percebe a escolha pelo projeto mais caro e que deixa pior as populações de Lisboa e concelhos limítrofes, mas ainda assim os socialistas insistem em avançar.

São muitas as evidências que levam a esta conclusão e por isso, no final de setembro, os deputados da Iniciativa Liberal em cada uma das assembleias municipais de Lisboa, Loures e Odivelas, respetivamente, apresentaram uma proposta que possibilite a viabilidade da linha em laço, em detrimento da linha circular, permitindo que as estações a norte do Campo Grande e Telheiras não percam o acesso ao centro da cidade da Lisboa.

Estas propostas foram aprovadas em Lisboa, com o voto contra do PS, e em Loures, com as abstenções do PS, Chega e CDU, tendo apenas sido rejeitada em Odivelas com o voto contra do PS, onde tem a maioria. O Partido Socialista é o denominador que nega a opção que melhor serve estas populações, reflexo de uma visão muito própria sobre a ideia de serviço público local!

Não faltam razões que justifiquem a opção por uma linha em laço, sobre a qual vários movimentos de cidadãos e da sociedade civil já se pronunciaram, aos quais se juntam outras anteriores propostas em assembleias municipais ou no Parlamento. Mas o assunto é sério demais para que decisões desta natureza fiquem à mercê dos caprichos socialistas e importa insistir e persistir em demonstrar a evidência dos factos:

  1. As novas estações da Estrela e Santos concretizam a ligação do Cais Sodré ao Rato, possibilitando a circulação em laço com início em Odivelas e destino a Telheiras e vice-versa, sem que sejam necessárias outras obras;
  2. A linha em laço evitaria a construção dos novos viadutos do Campo Grande e eventual cruzamento entre os comboios da hipotética linha circular e os oriundos de Odivelas e Telheiras, com poupança de milhões de euros e inúmeros constrangimentos que ali se têm gerado e esperam, no futuro;
  3. A linha em laço evitaria a deslocação de milhares de automóveis para o centro de Lisboa, com uma desejada redução de impacto ambiental, que só um transporte público eficiente inibe. É sabido que o maior fluxo de pessoas para o centro de Lisboa é oriundo dos concelhos limítrofes e Loures e Odivelas representam uma fatia bastante significativa destas deslocações.

Há várias outras razões técnicas e de bom senso que demonstram que a linha em laço se revela uma melhor opção face à linha circular, mas a obstinação do Governo tem impedido que se enverede pela decisão que melhor serve os interesses das populações.

As recentes declarações do Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, na audição da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no passado mês de julho (link aqui), que afirmou que a única opção em cima da mesa é a linha circular mas que ainda existem estudos em curso, colidem frontalmente com os discursos ziguezagueantes dos membros do Governo e dos autarcas socialistas que vão alvitrando, de forma tímida, a possibilidade da partilha de linha que permita um acesso pontual ao centro da cidade às estações a norte do Campo Grande, sempre desconsiderando a opção pela linha em laço.

Estas contradições são reveladoras de uma manifesta indefinição sobre a decisão final de um projeto que envolve o investimento de centenas de milhões de euros e que tem impacto em centenas de milhar de pessoas que habitualmente usam esta linha, num conluio entre o Governo e a Administração do Metropolitano de Lisboa que serve apenas para camuflar uma má decisão e revelam uma tremenda irresponsabilidade.

Convenientemente, é curioso verificar que os dados disponíveis sobre o número de utilizadores em cada uma das estações do Metro de Lisboa, elemento essencial para um processo de tomada de decisão claro e transparente, deixou de ser divulgado em 2017. Nestes dados, encontra-se mais um exemplo favorável à linha em laço, conforme nos descreve a noticia do Público de 16 de março de 2018 (aqui), onde é referido que as estações a norte do Campo Grande registaram mais de 18 milhões de entradas e saídas em 2017, sendo a estação de metro de Odivelas a terceira mais movimentada dessa linha, superando a estação … do Marquês de Pombal!

Só uma manifesta teimosia e arrogância podem justificar tamanha incompetência, insistindo numa decisão que, objetivamente, prejudica os milhares de utilizadores que diariamente utilizam as estações a norte do Campo Grande e Telheiras, assim como os lisboetas, que irão sofrer com o acréscimo de tráfego automóvel, cada vez mais insuportável e gerador dos danos ambientais conhecidos.

Quem se preocupa e perspetiva o impacto que a linha circular terá no seu dia-a-dia, não pode ficar indiferente. As voltas desta linha circular, da exclusiva responsabilidade do Partido Socialista, irão transformar o dia-a-dia dos lisboetas e de quem se desloca para o centro da cidade num pesadelo ainda maior. É hora de agir enquanto é tempo e defender uma solução que sirva as populações – a linha em laço, sob pena de, no futuro, ficarmos com um nó impossível de desatar.

 

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