25.04.2024

 

Os 50 anos decorridos desde o emblemático 25 de abril de 1974, quando as forças militares derrubaram o regime ditatorial do Estado Novo, representam um marco fundamental na história do nosso país. Esta revolução trouxe consigo um fervor liberal, com o cair de uma ordem autoritária e a ascensão de princípios democráticos e de liberdade. O 25 de abril simbolizou não apenas a conquista da democracia, mas também o início de uma jornada em direção a uma sociedade mais justa e aberta.

Quando falamos de liberdade, não podemos deixar de relembrar o dia 25 de novembro de 1975. Esse episódio teve como origem uma movimentação militar conduzida por parte das Forças Armadas Portuguesas, cujo resultado levou ao fim do Processo Revolucionário em Curso e abriu um caminho de estabilização da democracia representativa em Portugal. O dia 25 de novembro é também considerado uma etapa crucial na consolidação da democracia portuguesa, demonstrando a determinação em resistir a tentativas de retrocesso político, impedindo a ascensão de um regime ditatorial de esquerda.

Desde o período histórico a que estas datas nos reportam até aos dias de hoje, foram cometidos erros de grande impacto por parte do poder político. A classe política descurou a preocupação em ouvir o interior do país, as suas comunidades e suas necessidades. Muitas vezes, as decisões políticas e económicas são tomadas com base nas dinâmicas das grandes cidades e dos centros de poder, deixando de lado as vozes e preocupações das regiões rurais e periféricas. Essa falta de atenção resulta em disparidades sociais e económicas, alienação política e descontentamento generalizado. Não são apenas os movimentos populistas, muito abordados na política de hoje, que ameaçam a democracia, mas também a má conduta de políticos que exercem cargos de poder. A população tem sido confrontada com escândalos de corrupção, nepotismo e má gestão em diversos níveis do governo, minando a confiança nas instituições democráticas. O eleitorado tem observado promessas não cumpridas, decisões tomadas em benefício próprio e uma desconexão cada vez maior entre os políticos e as necessidades reais da população. Essa falta de responsabilidade e ética na gestão dos assuntos públicos tem gerado um clima de descrença e desesperança, enfraquecendo os alicerces da democracia e exacerbando o sentimento de alienação política entre os cidadãos.

É essencial que os líderes políticos reconheçam essa crise de confiança e ajam com integridade e responsabilidade para reconstruir a relação de credibilidade com o povo português.

A democracia não é um parque de diversões, mas sim um sistema político que exige compromisso, responsabilidade e resiliência por parte de todos. É crucial não perder de vista os valores fundamentais que sustentam a democracia: liberdade, igualdade, justiça e participação cívica. Não podemos permitir que o desânimo ou a apatia nos impeçam de agir em defesa da democracia. Pelo contrário, é preciso redobrar todos os esforços e trabalhar juntos para superar os desafios, garantindo assim um futuro mais justo e democrático para todos.

Senhoras e senhores,

Neste dia histórico para o nosso país, não podemos ignorar a situação em que vivem os nossos jovens. Os jovens em Portugal têm sido sistematicamente desconsiderados por parte do poder político, refletindo-se em desafios que minam as suas perspetivas de futuro. Questões como o desemprego jovem persistentemente alto, a falta de oportunidades de formação e a dificuldade de acesso à habitação adequada são apenas alguns dos obstáculos que os jovens enfrentam. Além disso, as políticas públicas praticadas em Portugal negligenciam as suas legítimas necessidades e aspirações, deixando-os à margem do processo decisório. Essa desconsideração compromete não apenas o desenvolvimento pessoal e profissional dos jovens, mas também o potencial de crescimento e inovação do país. É fundamental que se reconheça a importância de investir no futuro dos jovens, garantindo-lhes condições equitativas para prosperar e contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, e que hoje aqui celebramos.

Permitam-me que partilhe uma mensagem com a geração mais jovem na segunda pessoa do singular.

“Luta pela tua vida,

Pelos que vivem como tu,

Pelos que não tem a mesma vida que tu,

Pelos que já viveram como tu,

Pelos que vão ser como tu, e

Pelos que não veem a vida como tu.”

 

Termino esta minha intervenção com uma citação do escritor e poeta do século XX, Adolfo Correia da Rocha, conhecido como Miguel Torga: 

“Livre não sou, que nem a própria vida

Mo consente.

Mas a minha aguerrida

Teimosia

É quebrar dia a dia

Um grilhão da corrente.”

 

Viva o 25 de Abril! Viva a liberdade! Viva Portugal!

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