2024.01.30

Uma reflexão sobre a violência nas escolas

Hoje, dia 30 de janeiro, celebra-se, internacionalmente, o Dia Escolar da Não Violência e da Paz, uma data que nos convida a refletir sobre a importância de ambientes educacionais sem violência e suportados por uma cultura de paz. Esta iniciativa, instituída em 1964 em Espanha pelo pedagogo, poeta e pacifista espanhol Lourenço Vidal, propõe um dia de promoção da não violência e paz nas escolas e, por consequência, na sociedade.

A escola é um espaço capital na formação da nossa sociedade e dos indivíduos que a constituem, não apenas na vertente académica, mas acima de tudo no desenvolvimento de valores, competências sociais e emocionais. A relação entre a educação e qualidade de vida é um tema de extrema importância, e são vários os estudos que comprovam a sua simbiose: educação e saúde e bem-estar, habilidades sociais como a comunicação, a empatia e a resolução de conflitos e até o fomentar de relações saudáveis e positivas, ao longo da vida.

Os números são escassos, mas, no ano passado, uma investigação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) revelou uma prevalência da violência interpessoal em escolas do ensino básico e secundário, em Portugal. Segundo este estudo, cerca de 70% dos alunos revelam ter sido vítimas de algum comportamento de agressão e cerca de 65% assumem já ter praticado algum ato violento para com um colega na escola.

A consciencialização sobre a importância do diálogo e da resolução pacífica de conflitos é imperativa. É essencial dotarmos as nossas crianças e jovens das ferramentas necessárias para expressarem as suas opiniões de forma construtiva e respeitosa e para a resolução de conflitos de forma não violenta. O futuro irá colocá-los à prova em diversas situações, sejam elas pessoais, relacionais ou profissionais.

Além disso, é fundamental abordarmos questões como o bullying, cyberbulling e a discriminação, promovendo ambientes diversos que promovam a inclusão de todos. Paz não é apenas a ausência de conflitos físicos, mas compreende a construção de relações saudáveis e igualitárias. Segundo o estudo mencionado acima, os comportamentos reportados pelos alunos são em 92% casos de natureza psicológica, portanto, é crucial educar as crianças e jovens sobre a linguagem utilizada no ambiente escolar, promovendo o ambiente de paz que tanto se ambiciona.

Ao refletirmos sobre o Dia Escolar da Não Violência e da Paz, é imperativo refletirmos estrategicamente sobre a prevenção desenvolvida e os seus responsáveis – não podemos agir apenas reativamente. A construção destes ambientes não é da responsabilidade exclusiva das instituições de ensino e dos professores, mas acarreta uma participação ativa dos pais, da comunidade e da sociedade em geral – de todos nós, na verdade.

Esta efeméride deve relembrar-nos que a educação é a chave do sucesso para construirmos um futuro pacífico, não extremado, e que rejeita a violência em todas as suas formas. Cabe a todos nós contribuirmos com exemplos práticos e diários para esta construção, cultivando ambientes onde o respeito, a tolerância, o diálogo e a empatia fazem parte da convivência humana.

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